O túmulo do escritor irlandês Oscar Wilde, no cemitério Père Lachaise, em Paris, é vedado ao público para evitar a erosão provocada, maioritariamente, pelo batom das visitantes que têm o hábito de demonstrar a admiração pelo escritor beijando a pedra. Uma barreira de vidro impede agora que qualquer um se aproxime. Bala, é um escritor com 60 anos, ainda com prestígio, mas afastado do mundo artístico. Politicamente incorreto, Bala é grande admirador de Oscar Wilde. Considerando um completo absurdo, além de uma afronta a memória do seu ídolo, Bala quebra ele mesmo a barreira de vidro. Bala é preso e considerado senil. Na cadeia, recebe a visita da jovem advogada Roberta que se diz enviada pelo Estado como advogada e defesa. Bala não aceita advogados, alegando sanidade e reafirmando que faria tudo novamente, mas acaba se simpatizando por Roberta, sem saber que a jovem advogada foi contratada por Ingrid, filha de Bala, que não o vê faz muito tempo. Ingrid é guia no cemitério Pere Lachaise, passa o dia entre as tumbas das maiores celebridades mundiais. Grande fã de Wilde, entende as razões do pai, mas não entende o fato dele não aceitar sua visita, nem ajuda. Ingrid é jovem e está em pleno momento de mudança, vê em Paris um reflexo de um sistema cada vez mais asséptico, de um mundo virtual que está cada vez mais perdendo o tato. Ingrid recebe notícias do pai através de Roberta, que acaba revelando que Bala está escrevendo uma carta diretamente para ninguém mais que Oscar Wilde. Roberta tenta entender as razões do seu cliente, travando embates ideológicos que no lugar de afastar, acaba aproximando cada vez mais os dois. Na cadeia, Fabian, jovem carcereiro cuja a ingenuidade e gentileza encantam Bala, inicia uma amizade íntima com o preso, numa linha tênue entre desejo e poder. A narrativa avança pelos dias de Bala, preso em sua cela de vidro, isolado como o túmulo de Wilde, num fluxo obsessivo, como Salomé, exigindo o beijo de João Batista. 


O texto tem o túmulo de Oscar Wilde como ponto de partida, em um paralelo Paris/Rio de Janeiro e com todas as grandes capitais, que em nome do seu cartão postal, levantam diariamente barreiras visíveis e invisíveis, evitando qualquer espontaneidade afetiva que nos aproxime de uma organicidade harmoniosa, mas que estejam perfeito para uma foto, um selfie. 

Texto: Jô Bilac Direção: Bel Garcia Com: Marco Nanini Carolina Pismel Júlia Marini Paulo Verlings
 Produzido por Fernando Libonati Idealização: Marco Nanini e Felipe Hirsch Figurino: Antônio Guedes Iluminação: Beto Bruel 
Cenografia: Daniela Thomas Concepção e direção de Vídeo: Julio Parente e Raquel André
 Videografismo: Júlio Parente Trilha Sonora: Rafael Rocha Design Gráfico: Felipe Braga Assessoria de Imprensa: Factoria Comunicação 
Fotografia: Cabéra Visagismo: Ricardo Moreno Visagismo Marco Nanini: Graça Torres 
Assistente de direção: Raquel André Equipe de Produção Coordenação e gestão de projetos: Carolina Tavares Direção de Produção: Leila Maria Moreno Produção Executiva: Monna Carneiro Assistente de Produção: Gutemberg Rocha e Glauco Lopes 
Realização: Pequena Central
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