< QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF >
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No primeiro ato, intitulado Diversão e Jogos, desenha-se um desafio entre cônjuges. As escaramuças crescem em intensidade nos dois atos posteriores tendo em vista a destruição total do outro. Na ampliação do teatro da guerra são vitimadas também as testemunhas, ou seja, um casal jovem convidado para uma visita tardia à casa dos combatentes de meia-idade.
Martha e George são, ou deveriam ser, o ápice da civilização norte-americana. Ela é filha do reitor de uma universidade da Nova Inglaterra e seu marido dá aulas no Departamento de História. Os convidados são aspirantes a essa proeminência social e intelectual: um recém-chegado professor de Biologia e a sua mulher que nem sequer tem nome porque seu papel na vida se resume a um ridículo apelido carinhoso. Receberão, nessa noite, uma inesquecível lição sobre seu novo hábitat.
Como cerimônia de iniciação aos jovens, os anfitriões oferecem uma noitada de bebedeira, agressões físicas e verbais e uma torrente de insultos prodigamente partilhada com os convidados. Sob a fina camada de civilidade, rompida no primeiro cumprimento introdutório, há a fúria de arrancar todas as camadas de engano, as mesmas que tornam suportável a convivência social, para atingir a medula e aniquilar o parceiro.
Há, sem dúvida, o componente da rigidez puritana implícita nesse desnudamento porque Martha, sobretudo, ataca aparências e recusa qualquer ilusão sobre si mesma ou sobre seu marido. Mas esse aspecto tão típico da cultura norte-americana não parece ter sido o mais evidente na encenação brasileira. Os comentários sobre a peça e sobre o espetáculo ressaltam a sua eficácia como jogo psicológico em que, à maneira do procedimento psicanalítico, os golpes sobre a aparência acabam por revelar uma falta essencial, mais pungente e menos transitória do que a ideologia puritana.
O que aterroriza e comove nessa peça é que desvendamos, à medida que se amplia o conflito, uma promessa de amor que não foi cumprida. Porque não pode ser cumprido integralmente, o amor deverá ser aviltado integralmente. Ambos eliminam, com um final trágico, a mentira piedosa que haviam engendrado para adoçar essa solidão a dois. A complacência amorosa parece intolerável e Martha a expressa referindo-se a um marido que "tolera, o que é intolerável, é gentil, o que é cruel, compreende, o que é incompreensível". Bondade e amor são vícios nos quais são precisos, para sobreviver, agressividade e rancor.
PROGRAMA
FICHA TÉCNICA
de Edward Albee
ELENCO
Marieta Severo
Marco Nanini
Sílvia Buarque
Fábio Assunção
EQUIPE DE CRIAÇÃO
Direção: João Falcão
Tradução: José Almino
Assistente de direção: Tânia Nardini
Cenografia: João Falcão e Beli Araújo
Figurino: Emília Duncan
Corpo: Márcia Rubin
Trilha sonora: Raul Teixeira
Iluminação: Ney Bonfante
Preparação vocal: André Dias
Comunicação Visual: Muti Randolph
Fotografias: Flávio Colker
Textos para Programa: Eduardo Graça
Assessoria de imprensa: Eduardo Barata
EQUIPE DE PRODUÇÃO
Diretor de Produção: Fernando Libonati
Produção Executiva: Tereza Durante
Produção de Frente: Regina Coeli
Administração: Andréa Thees
Assistente de Produção: André Esteves
2001 - Rio de Janeiro
2000 - SãoPaulo e Rio de Janeiro
TEMPORADAS
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CLIPPING
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